Para que serve um mito?

Mito fundador (aition, em grego), é o mito etiológico que explica a origem de um rito ou de uma cidade, um grupo, uma crença, uma filosofia, uma disciplina, uma ideia ou uma nação. Um mito fundador pode constituir um exemplo primário, como o mito de Hércules que representou o exemplo primeiro de um  ser quase humano, forte e determinado que se tornou quase deus ( um ídolo) por causa de sua força e determinação merecendo assim de uma a preferência dos humanos e dos deuses, tornando-se um símbolo de sucesso por esforço.
Os mitos fundadores são comuns nas mitologias gregas, romanas, guarani e em na quase todas as culturas religiosa, inclusive as  derivada da Bíblia, para explicações sobre origens e fatos misteriosos, ou sem solução para o pensamento racional.
Desta forma mitos fundadores estabeleceram as leis que regiam as relações entre certas divindades e sua comunidade crente e adorante, a qual ligava sua ancestralidade ao herói ou deus central àquele mito. Esses mitos também podiam justificar a mudança de uma ordem social para outra. Como o mito do Prometeu que em parte explica o domínio dos homens sobre a natureza, ou o mito dos Astecas sobre  a linhagem da ordem de Quetzalcoatl, que os levou a  pensar que os espanhóis eram possivelmente da   e como tal merecedores tratamento diplomático, que facilitou o genocídio dos espanhóis sobre os Astecas, bem como o mito de fundação de Roma que tinha raízes históricas factuais, e seus primeiros protagonistas eram vistos como o elo entre os mortais e o mundo divino (história de Rômulo e Remo, fundadores de Roma, o Rapto das Sabinas e os primeiros reis de Roma).
Nos exemplos acima cada mito tem uma função e consequência, são carregados de emoção, como orgulho sobre a sua cidade, aceitação da ordem social, explicação sobre a condição humana. 
Pode nos parecer que Mito venha sempre carregado de mentira, até porque a palavra mito deu origem a palavra mentira, mas as pessoas estavam tomadas de emoção, fé e racionalidade dentro daquilo que conheciam,  acreditavam que os "mitos" eram verdadeiros. Mitos tem um pouco de verdade e servem de documento histórico sobre a forma que cada povo pensa.
Hoje, temos nossos próprios mitos, mas sem perceber que são "mitos". Eles servem para as mesmas coisas, não percebemos que são mais emocionais do que racionais, pois não conseguimos saber de tudo, isso é da natureza humana, a racionalidade só vem depois que o mito de desfaz por uma verdade racional, empírica, histórica. 
Devemos respeitar os Mitos Gregos, Romanos, Tupinambás, Nagôs, Astecas em seu tempo e lugar como respeitamos o cristianismo, islamismo, judaísmo, budismo, candomblé, racionalistas e ateus pois a fé está em todos os seres humanos. 


Fonte:

FIORIN, José Luiz. A linguagem humana: do mito à ciência.  In. Linguística, p. 13-46, 2013. 

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