Camadas da alma e areté (8º ano).
Platão divide a alma em três
partes. O lado racional está localizado na cabeça, seu objetivo é controlar os
dois outros lados, com ele adquirimos a sabedoria e a prudência. O lado
irascível está localizado no coração, seu objetivo é fazer prevalecer os sentimentos
e a impetuosidade, com ele adquirimos a coragem. Por último, temos o lado
concupiscente que está localizado no baixo-ventre, seu objetivo é satisfazer os
desejos e apetites sexuais, com ele adquirimos a moderação ou a temperança.
No Mito do Cocheiro, no diálogo “Fedro”, Platão compara a alma a uma
carruagem puxada por dois cavalos, um branco (irascível) e um negro
(concupiscível). O corpo humano é a carruagem, e o cocheiro (Razão) conduz
através das rédeas (pensamentos) os cavalos (sentimentos). Cabe ao homem
através de seus pensamentos saber conduzir seus sentimentos, pois somente assim
ele poderá se guiar no caminho do bem e da verdade.
Junta-se
aqui o conceito de areté ganhou da filosofia socrática, representada por
Platão, quando então passou a ser pensado como uma espécie de
"antecedente" e "consequente" da realização do homem em sua
totalidade mais perfeita, em todos os âmbitos da sua vida.
Assim, no
campo teórico, a areté deve ser compreendida e pensada à exaustão, e, no âmbito
prático, é necessário que seja perseguida, alcançada, à todo custo.
A areté é
uma mescla de dom divino com valor ético adquirível, Sócrates, de fato, foi o
primeiro grande apologista da areté entre os homens, como, além de
Platão, mais adiante, as noções socrático-platônicas de areté serão
herdadas por Aristóteles, que as manterá em relevo em sua Filosofia,
alocando-nas especialmente na composição da sua teoria ética.
Traduzida
por "virtude" ou "excelência", areté (ἀρετή) adere aos
valores mais elevados, a serem necessariamente cultivados no âmbito da vida
humana, com o fito de dirigi-la a pensamentos e ações afins às idéias de
beleza, justiça e verdade – a tríade filosófica por excelência, unificada na
idéia maior de Bem, que o homem que aspira à sabedoria - sophia (σοφία) –
almeja de algum modo alcançar. Esse viés metafísico é, contudo, indissociável
da práxis humana em todos os níveis, e a areté, no âmbito prático, é aquilo
pelo qual se realiza maximamente, plenamente, os potenciais de cada um; assim
como a realização plena desses potenciais é expressão de areté. Por exemplo, na
esfera das profissões ou das tekhnai (τέχναι): o homem que ocupa o mais alto
posto de um grupo, o governante, somente será um bom regente se dotado e cultor
da "areté de governante", assim como fazer bons e deliciosos pães é
prerrogativa do padeiro que possui e cultiva a "areté de padeiro".
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